Deputados americanos propõem resolução sobre democracia no Brasil
WBO Press Release 8 de fevereiro de 2023
Depois do Senado, Câmara dos EUA também discute presença de Bolsonaro na Flórida
Rechaço a golpistas brasileiros cresce depois de o ex-presidente ter anunciado intenção de estender permanência em solo americano
Os deputados democratas David Cicilline, Gregory Meeks e Joaquin Castro propuseram nesta quarta-feira (8) uma resolução da Câmara dos Deputados dos EUA condenando as ações violentas do dia 8 de janeiro contra a democracia no Brasil, respaldando a vitória eleitoral e o mandato legítimo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; e instando as autoridades americanas a cooperarem com seus pares brasileiros para responsabilizar cidadãos do Brasil vinculados a esses ataques, que estejam em solo americano.
Para ser aprovada, a resolução deve antes passar por votação no plenário da Câmara, para só então ser entregue ao presidente dos EUA, Joe Biden, que tem encontro marcado com Lula na Casa Branca nesta sexta-feira (10).
Entre outros pontos, o texto “pede que o governo dos EUA coopere com os pedidos de ajuda recebidos das autoridades brasileiras que investigam o ataque” de 8 de janeiro. O nome de Bolsonaro é mencionado 13 vezes no texto.
O ex-presidente brasileiro está em Orlando, na Flórida, desde o dia 30 de dezembro de 2022. O mais provável é que ele tenha entrado com um visto oficial e esteja pleiteando agora um visto de turista, que poderia lhe dar o direito de estender a permanência por seis meses. Bolsonaro é alvo de ações judiciais no Brasil que podem implicar em sua inelegibilidade. No episódio mais recente, ele foi citado pelo senador Marcos do Val como partícipe de um complô que visava a fabricar falsas acusações contra o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, com o intuito de impugnar as eleições de 2022, afastar Lula da disputa e permanecer de forma ilegal no poder.
OUTRAS OFENSIVAS
Na quarta-feira (2), uma resolução semelhante já havia sido aprovada no Senado, sob liderança do democrata Bob Menendez, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, que reuniu assinaturas de outros oito colegas para apresentar sua proposição. O texto pede que o Departamento de Justiça responsabilize “quaisquer atores baseados na Flórida que possam ter financiado ou apoiado os crimes violentos de 8 de janeiro”.
No dia 11 de janeiro, um grupo de parlamentares americanos já havia entregado uma carta a Biden, pedindo que Bolsonaro fosse investigado por possível envolvimento com os ataques à democracia no Brasil. Eles pediram que Biden revogasse qualquer visto diplomático que Bolsonaro pudesse ter. O WBO (Washington Brazil Office) é uma das organizações que participaram da iniciativa.
“As manifestações de solidariedade com o Brasil, após os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, são muito importantes. As semelhanças entre os ataques de 6 de janeiro de 2021, no Capitólio, e de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, mostram que a luta contra o extremismo da extrema direita é global. Nós esperamos que os EUA continuem a fazer esforços para apoiar plenamente a democracia brasileira”, disse Paulo Abrão, diretor-executivo do WBO (Washington Brazil Office).
O WBO esteve envolvido diretamente na articulação da carta entregue pelos parlamentares americanos a Biden, no dia 11 de janeiro, e também na apresentação da resolução proposta por Cicilline, Meeks e Castro nesta quarta-feira (8). Ao longo de toda a campanha eleitoral – e mesmo antes dela – a organização esteve engajada em iniciativas semelhantes, para proteger e fortalecer internacionalmente a democracia no Brasil.
O texto da resolução pode ser acessado aqui.