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As desigualdades dos desastres climáticos: falando de gênero e raça
Os desastres climáticos têm se tornado cada vez mais frequentes, afetando comunidades inteiras. No entanto, essa crise não atinge a todas as pessoas de forma equânime, como pudemos observar recentemente nas enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. A realidade é que as mulheres empobrecidas, especialmente as mulheres negras, são as mais impactadas.
A perigosa radicalização das polícias
No dia 30 de outubro de 2022, data do segundo turno da disputadíssima eleição presidencial, a Polícia Rodoviária Federal fez uma série de blitze em estradas do país. O efeito prático dessas operações foi dificultar a chegada dos eleitores para exercerem seu direito ao voto. O mais curioso é que a maioria delas ocorreu na região Nordeste, que concentrava eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo menos 610 ônibus fazendo transporte de eleitores foram parados nesse dia, sendo quase 50% na região.
Os bancos públicos e o financiamento da transição climática
Criou-se grande expectativa sobre uma nova meta de financiamento global, com apoio consistente de países desenvolvidos aos países em desenvolvimento no enfrentamento das mudanças climáticas. O Brasil, no entanto, não precisa aguardar a ajuda internacional para fazer a sua parte. Podemos avançar com os recursos nacionais, por meio dos bancos de desenvolvimento. O dinheiro público, cuja função é induzir o crescimento, é decisivo para financiar a transição climática e construir uma nova economia. É preciso coragem e determinação para redirecioná-lo. Esse é o promissor caminho que precisamos trilhar de agora em diante.
Uma república de príncipes – análise sobre tecnologia não regulamentada
Meses atrás, o Judiciário brasileiro impôs a Elon Musk o que parecia ser uma derrota pessoal – a plataforma X foi obrigada a fechar várias contas identificadas como superpropagadoras de desinformação, numa investigação federal realizada no contexto do combate à desinformação eleitoral no Brasil.
Considerações sobre a vitória de Trump em 2024
Embora a escravidão tenha sido abolida nos EUA em 1865, as eleições presidenciais continuam a ser decididas por voto indireto: são necessários 270 votos no Colégio Eleitoral para se eleger presidente. Em 2016, Trump angariou 306 votos contra 232 de Clinton. Quando tentou a reeleição em 2020, Trump conseguiu 232 votos contra 206 para Biden. Trump não aceitou a derrota e incitou uma horda a invadir o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, o dia em que o Congresso corroborava a vitória de Biden. Até hoje, Trump e seus correligionários mantêm sua “vitória”.
Cinco lições da COP16 para o combate aos crimes ambientais
Representantes de diversos países reuniram-se durante duas semanas na Conferência sobre Biodiversidade da COP16 em Cali, Colômbia. O encontro, realizado de 21 de outubro a 1º de novembro, serviu para discutir compromissos nacionais para proteger a biodiversidade em um momento em que até 1 milhão de espécies estão em risco de extinção. É claro que os crimes ambientais se enquadram diretamente na agenda da COP16. A extração ilegal de madeira, a mineração e o tráfico da flora e da fauna selvagens constituem grandes ameaças à biodiversidade. Essas práticas ocorrem tanto por meio de ameaças diretas – como no caso do tráfico de espécies ameaçadas de extinção que são removidas de seus habitats e, com isso, têm sua sobrevivência imediata colocada em risco – quanto por meio de ameaças indiretas, como no caso do uso de mercúrio nas atividades de mineração ilegal, o que envenena organismos vivos, incluindo golfinhos e onças, ao longo de todo curso dos rios.
O que as eleições locais de 2024 sinalizam para o futuro da política no Brasil
Se pintássemos o mapa do Brasil com os resultados das eleições municipais de 2024, usando para isso a mesma lógica que os EUA usam para designar seus estados vermelhos (republicanos ou direita) e azul (democratas ou esquerda), esse mapa brasileiro apareceria coberto de vermelho.
Liderando a Mudança e Fortalecendo a Democracia
A sub-representação de mulheres negras nos espaços de poder no Brasil é um desafio histórico que tem sido enfrentado com crescente mobilização e organização. O movimento MND (Mulheres Negras Decidem) surgiu em 2018 com a firme crença nas capacidades das gerações atuais de reverter esse cenário, transformando ética e esteticamente a política institucional. Com uma rede que se expande em todo o país, o MND realiza campanhas, treinamentos e pesquisas centradas em dados para ampliar a participação política dessas mulheres, assegurando que elas tenham o poder de influenciar as decisões que afetam suas vidas.
Por que a extrema direita ganha apoio popular e expressão eleitoral no Brasil
Os resultados do primeiro turno das eleições municipais brasileiras de 2024, realizado em 6 de outubro, apontam para um cenário previsto e temido desde que forças políticas antidemocráticas se intensificaram no país ao longo da última década. O pleito revelou uma importante tração político-eleitoral da extrema direita e do campo que a orbita, assim como foi mais uma vez palco de métodos característicos desse locus do espectro político: campanhas sistemáticas de desinformação, violência política e hostilidade acerca do sistema de votação brasileiro.
Cerrado: O Bioma Invisível, Coração das Águas e Guardião da Vida
O Cerrado surgiu há 80 milhões de anos, sendo um dos biomas mais antigos do Planeta. Em apenas 50 anos, a ação humana predatória destruiu 50% da vegetação nativa desta que é a segunda maior reserva da biodiversidade do Brasil e a savana mais biodiversa do Globo – um bioma que tem cerca de 5% de todas as espécies do mundo.
Eleições Municipais de 2024: impactos locais e nacionais em um cenário de polarização e crises institucionais
As eleições no Brasil ocorrem a cada dois anos, alternando entre eleições municipais e gerais. Nas eleições municipais, realizadas a cada quatro anos, são eleitos prefeitos e vereadores, com foco na administração local das cidades. Ao todo, 156 milhões de eleitores irão às urnas nos 5.568 municípios do país. Os resultados dessas eleições têm impacto direto nas eleições gerais e na reconfiguração do cenário político nacional, sendo frequentemente vistas como um termômetro da popularidade de partidos e de líderes nacionais. Prefeitos e vereadores eleitos desempenham papéis importantes na articulação de candidaturas para as eleições gerais, influenciando alianças e estratégias partidárias. Além disso, o controle de prefeituras em grandes cidades pode fortalecer ou enfraquecer projetos políticos com ambições nacionais, servindo também como celeiro de novas lideranças.
Enfrentando a epidemia de apatia para resolver a crise climática
Recordes de temperatura estão sendo batidos em todas as latitudes. Casas estão sendo destruídas da Califórnia a Carriacou. Nossa natureza está entrando em colapso mais rápido do que previmos. Essa devastação não está mais restrita a terras distantes: está batendo à porta de cada um de nós. O próprio Brasil – ainda que considerando apenas os últimos meses – sofreu a pior seca já registrada e inundações contínuas no Rio Grande do Sul. À medida que essa ameaça existencial avança em nossa direção a uma velocidade vertiginosa, o que a maioria de nós faz? Nós nos sentamos e silenciosamente e passamos o dedo na tela do celular. E rolamos a tela. E rolamos.
O perigo da extrema direita e a necessidade de confrontá-lo
No dia 24 de setembro, o WBO (Washington Brazil Office) e a Universidade Georgetown farão um evento para discutir as expressões atuais da extrema direita e os desafios que esse setor impõe. O debate contará com a participação de dois eminentes colegas brasileiros, que se dedicam à pesquisa do tema no Brasil – Flávia Pellegrino, do Pacto Pela Democracia; e Guilherme Casarões, professor de Relações Internacionais da FGV – além do professor Elcior Santana, de Georgetown, e da deputada democrata Kamlager-Dove. Esta será sem dúvida uma grande oportunidade para refletirmos sobre o momento que estamos atravessando; e queríamos aproveitar esta oportunidade para adiantar aqui alguns tópicos importantes que devem marcar este debate ao qual todos estão convidados a acompanhar, seja presencialmente, seja pela transmissão on line, pelo canal do WBO no Youtube.
79ª UNGA: uma nova oportunidade para avanços na agenda global
Entre 10 e 30 de setembro ocorrem as sessões da 79ª UNGA (Assembleia Geral das Nações Unidas, na sigla em inglês), um dos eventos mais importantes do calendário diplomático global, que reúne líderes e delegações diplomáticas de 193 países no que pode ser comparado, num paralelo com o mundo esportivo, às Olimpiadas ou a Copa do Mundo do Futebol, dado o caráter de grande palco internacional do evento, desde sua primeira sessão, em 10 de janeiro de 1946, em Londres.
Cerrado ou devastação
No dia 11 de setembro é comemorado o Dia do Cerrado; ainda desconhecido, o bioma é o segundo maior do país, com uma área de 2.036.448 km², cerca de 23% do território nacional, chegando a 36%, se incluídas as zonas de transição com outros biomas. Sua área contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, com manchas isoladas no Amapá, Roraima e Amazonas. Composto por campos, veredas e floresta, é considerada a savana mais biodiversa do globo, com aproximadamente 5% das espécies do planeta e mais de 30% das espécies do país; abrigando metade das aves conhecidas, mais de dois terços dos mamíferos, ao menos 210 espécies de anfíbios, 1.200 espécies de peixes, 300 espécies de répteis e 13.140 espécies de plantas. O desconhecimento é um dos males do “pacote da devastação” do Cerrado.
Combater as mudanças climáticas requer uma mudança de mentalidade
Os desastres climáticos que se ocorrem ao redor do mundo — incluindo inundações sem precedentes no Brasil, África e China, ondas de calor na Ásia e Oriente Médio e secas persistentes na Europa e América Latina — mostram que o planeta está em um momento crítico. Felizmente, ainda podemos aproveitar a oportunidade para redefinir nossos paradigmas de desenvolvimento econômico e social. Além de preservar e restaurar nossas florestas, devemos pôr um fim à nossa dependência de combustíveis fósseis e adotar energias renováveis.
Venezuela e as encruzilhadas da democracia
Enquanto Nicolás Maduro esconde as atas da eleição presidencial que ocorreu em 28 de julho, ignorando repetidos apelos de dezenas de governos para que apresente os dados em um formato que permita a verificação dos resultados, são muito contundentes as evidências de uma ampla vitória do seu opositor Edmundo González.
Direitos indígenas devem ser garantidos e não negociados
A tese do Marco Temporal foi declarada inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal) do Brasil em setembro de 2023, mas as ameaças contra os direitos fundamentais dos povos indígenas continuam. Isso porque, no mesmo dia em que a tese anti-indígena foi derrubada na Corte, o senador Hiran Gonçalves (Partido Progressistas) apresentou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 48/2023 no Senado Federal. A proposta deve ser discutida na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania até o dia 30 de outubro
O Semiárido brasileiro como exemplo global de adaptação climática
As informações da Convenção das Partes sobre o Combate à Desertificação (UNCCD) alertam que 70% das pessoas no mundo que sofrem de desnutrição severa vivem em áreas secas, sejam elas áridas, semiáridas ou subúmidas. Essa classificação da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre terras secas leva em conta a quantidade de chuva (pluviometria) e a evapotranspiração, o que resulta em um balanço que tende a ser baixo ou negativo nessas zonas. As zonas secas estão espalhadas pelo mundo e cobrem mais de 41% das terras do planeta. Elas estão presentes em todos os continentes, com grandes extensões de terra, como o deserto de Sonora, nos Estados Unidos, a região do Sahel, na África, e grande parte da Austrália. No entanto, o que muitas pessoas não sabem é que é no Brasil, mais especificamente no Nordeste, que se encontra a região semiárida mais populosa do mundo, com cerca de 30 milhões de pessoas. Esta região é historicamente conhecida como “região-problema” do Brasil, devido às sucessivas secas que provocaram mortes e expulsaram milhões de pessoas nas últimas décadas.
A violência como elemento das disputas presidenciais no Brasil e nos EUA
O atentado contra Donald Trump, ocorrido na cidade de Butler, no estado americano da Pensilvânia, no dia 13 de julho, chocou o mundo todo, mas teve um significado ainda mais chocante para os brasileiros. Incrédulos, os espectadores que acompanhavam a notícia ao vivo, no Brasil, não podiam evitar de pensar nos muitos paralelismos entre o que estava acontecendo naquele momento com o candidato à Presidência americana pelo Partido Republicano e o que havia acontecido em 6 de setembro de 2018, quando Jair Bolsonaro tomou uma facada na barriga durante um evento de campanha presidencial, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais.