Senado americano aprova por unanimidade resolução em defesa da democracia no Brasil

Press release WBO 28 de setembro de 2022

Senador Bernie Sanders na campanha eleitoral de 2019, em San Francisco. Crédito: Gage Skidmore

  • Nenhum senador – nem mesmo do Partido Republicano – se opôs ao texto apresentado pelos senadores Tim Kaine e Bernie Sanders

  • Documento recomenda suspender relações EUA-Brasil em caso de ataque ao sistema eleitoral

O Senado americano aprovou nesta quarta-feira (28) uma resolução na qual "urge o governo do Brasil a assegurar que as eleições de outubro de 2022 sejam conduzidas de maneira livre, justa, crível, transparente e pacífica", caso contrário os EUA devem romper relações com o governo brasileiro e suspender programas de cooperação, incluindo a área militar.

O texto foi proposto pelo presidente do Subcomitê de Relações Exteriores para o Hemisfério Ocidental no Senado, Tim Kaine, e pelo senador Bernie Sanders. A aprovação se deu de maneira unânime, uma vez que nenhum senador se opôs ao texto, incluindo os membros da bancada do Partido Republicano.

O documento cita a preocupação com o "aumento de 335% na violência dirigida contra lideranças políticas no estado do Rio de Janeiro em 2022, na comparação com 2019" e nota, sem citar nominalmente, que o presidente Jair Bolsonaro "continuar a empreender esforços para incitar a violência política e debilitar o processo eleitoral".

O Senado americano pede que o governo dos EUA "reconheça imediatamente o resultado da eleição" e condicione a cooperação com o Brasil ao respeito à democracia.

Bernie Sanders, ao centro, recebe comitiva brasileira no Capitólio, em julho de 2022. Crédito: Maria Magdalena Arréllaga

Sanders é um dos parlamentares americanos que receberam uma comitiva de representantes da sociedade civil brasileira que estiveram em Washington de 24 a 29 de julho alertando interlocutores locais para as ameaças à democracia e ao processo eleitoral no Brasil. Além dele, foram visitados, no Capitólio, os deputados Jamie Raskin (Maryland, membro da comissão que investiga o 6/1), Hank Johnson (Geórgia), Mark Takano (Califórnia) e Sheila Cherfilus McCormick (Flórida), além dos assessores dos senadores Patrick Leahy (Vermont, presidente do Senado) e Ben Cardin (Maryland).

A comitiva apresentou a seus interlocutores – que incluíram ainda o Departamento de Estado americano e organizações da sociedade civil local – dois pedidos:

  1. Que esses interlocutores americanos se informem sobre a situação no Brasil, onde o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, coloca em questão o sistema eleitoral e o resultado das urnas, atacando a independência dos Poderes, por meio de ações dirigidas contra a Justiça Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal; e

  2. Que esses mesmos interlocutores americanos se manifestem, dentro de suas áreas de ação e de influência, reconhecendo a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro e a validade do resultado da eleição, seja quem for o vencedor, em outubro de 2022

Na ocasião do encontro, em 26 de julho, Sanders declarou: “O que eu ouvi [da comitiva], infelizmente, soa muito familiar para mim, por causa dos esforços de [Donald] Trump e de seus amigos para minar a democracia americana. Não estou surpreso que Bolsonaro esteja tentando fazer o mesmo no Brasil. Esperamos muito que o resultado das eleições [brasileiras] seja reconhecido e respeitado, e que a democracia prevaleça, de fato, no Brasil.”

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